domingo, 8 de setembro de 2013

Curso de Extensão - História da Música - Resumos

Música Barroca

            O movimento Barroco floresceu no campo cultural e artístico da Europa durante as modificações na sociedade nos séculos XVII e XVIII. No ínicio era usado para designar estilo artístico e caracterizado pelo excesso de ornamentos. Mais tarde passou a ser um termo utilizado pelos músicos para indicar um período da história da música. A música Barroca é considerada exuberante: ritmos com muitos ornamentos, contrastes de timbres instrumentais e sonoridades fortes com suaves, traduzia complexidade e variedade de vivências e concepções da sociedade de corte européia, através da manifestação concreta da variedade de expressões, formas e estilos musicais presentes nessa época.
            É evidente a origem e influência da Itália na transição da arte do Renascimento para a do Barroco, a maioria das novas tendências teve origem na Itália e seus músicos dominaram todos os campos. Observa-se a fixação da arte no campo religioso, novas formas de expressão artística apareceram, com ênfase na Arquitetura, na Pintura, na Escultura, na Literatura e, na Música. Com a escalada social da burguesia, que em busca da consolidação como classe dominante, abriu novas fronteiras para ampliar o seu mercado de obras de arte como jamais houvera na Europa. A arte passou a ser vista numa nova dimensão. Cada vez mais se estruturaram as academias de arte, onde se praticavam métodos de ensino fechados, rigorosos e técnicos, o que resultou em um academicismo que iria influenciar a arte europeia nos séculos seguintes, inclusive a música.
           
            Música barroca vocal: Surgiu no Renascimento com a necessidade de recuperar as dimensões da música antiga, sendo os Gregos defensores dos poderes da música para provocar sentimentos, emoções e paixões em quem as ouvia. Como consequência, um grupo de músicos italianos, conhecido como Camerata Fiorentina, surgiu uma nova proposta de estilo musical, na qual o elemento vocal era determinante, que influenciou sobremaneira a música vocal barroca. O barroco também foi a época do surgimento, aperfeiçoamento e afirmação de diversos instrumentos musicais, entre eles o violino, o cravo e o órgão.
            O período barroco assistiu ao nascimento da ópera, que é uma peça teatral em que os papéis são cantados ao invés de falados. A primeira ópera de que se tem notícia foi Dafne, de Jacopo Peri (1561-1633).
            Além da ópera, outro gênero de música vocal que se construiu no período barroco foi o oratório, que se refere a um tipo de ópera com histórias extraídas da Bíblia. Com o passar do tempo os oratórios deixaram de ser representados e passaram a ser cantados. Johann Sebastian Bach, criou uma forma especial de oratório conhecida como Paixão, cuja temática é a crucificação de Cristo. Mas Bach se destacou ainda mais na produção de um outro gênero musical típico do barroco, a cantata, peça para solista e coro.

            Música barroca instrumental:  Durante o período barroco, a música instrumental passou a ter importância igual a da música vocal, ou seja, a orquestra passou a tomar forma.
            No início a palavra ‘orquestra’ era usada para designar um conjunto formado ao acaso, com os instrumentos disponíveis no momento. No que se refere ainda à Música barroca instrumental, sabe-se que o Barroco foi o primeiro período da História da Música no qual a expressão instrumental construiu um espaço e uma importância próprios. Um traço constante nas orquestras barrocas, porém, era a presença do cravo ou órgão como contínuo, fazendo o baixo e preenchendo a harmonia. Novas formas de composição foram criadas, como a fuga, a sonata, a suíte e o concerto
            No início do barroco, as músicas ainda eram compostas nos estilos do Renascimento: canzonas, ricercares, tocatas, fantasias e variações.          Desenvolveu-se ainda, a sonata que era uma peça musical para ser tocada instrumentalmente, em oposição à cantata, que deveria ser executada vocalmente ou cantada.    As Cantatas são oratórios em miniaturas e eram apresentados nas missas. Mas a grande novidade barroca na música instrumental foi a consolidação do concerto, que suas origens remontam ao Renascimento. A orquestra, como é conhecida hoje, também teve seu inicio no período barroco. O termo orquestra era usado, no princípio, para designar um conjunto de instrumentos, formado, ao acaso, com os instrumentos disponíveis.
            O barroco continuou a se utilizar do instrumental do Renascimento, mas

desenvolveu, aperfeiçoou e criou novos instrumentos musicais. Do Renascimento, mantiveram-se em uso e foram aperfeiçoados a trombeta, a flauta, o órgão, a harpa e o clavicembalo ou cravo. Foram desenvolvidos, especificamente, no período barroco, a família de cordas do violino, o oboé, o fagote, o tímpano, e a guitarra, ou violão.

O Impressionismo

            O Impressionismo foi um movimento que surgiu na França no final do séc. XIX e inicio do séc. XX, que segundo Grout "não procura exprimir emoções profundas nem contar uma história , mas sim evocar um estado de espírito, um sentimento vago, uma atmosfera". Foi uma forma de compor que procurou transmitir através da harmonia o colorido sonoro e impressões através dos cinco sentidos.
            Debussy foi uma personalidade central no desenvolvimento do estilo impressionista, interessado pelos sons, pelas combinações de notas no sentido não tradicional, utilizadas para induzir reações mentais ou psicológicas, com propósitos de sugerir ou dar a impressão como os poetas e pintores impressionistas. Sua música distanciava-se da era pós-romântica em direção ao novo estilo musical do séc. XX que desafiou tradicionais expectativas harmônicas
            A partir da composição L'après Midi d'un Faune de Debussy, a música impressionista marcou o inicio de uma ruptura com o estilo romântico alemão, e estes meios de ruptura foram comparados às técnicas da pintura impressionista, pois seus artistas em vez de fazerem suas pinturas parecerem "reais", davam meramente vagos contornos, e Debussy usava sons por seu efeito expressivo como "cores" e mais confiante no instinto musical do que obediente às regras de harmonia, tendo sua música comparada à pintura nebulosa de Monet.
            Ravel é outro grande nome do Impressionismo, que marcou o desenvolvimento da música francesa e a princípio seguiu as idéias de Debussy, mas sempre mostrou uma personalidade forte e com seu espírito inovador propõe-se a fazer a sua própria música. Grande orquestrador e criador de melodias, sempre buscava a perfeição. Entre suas obras compôs La Valse, Daphne et Chloé, Pavane pour une infante défunte e Bolero, tendo voltado a estética clássica no final da vida.
            Como parte dos impressionistas destaca-se também Satie com uma proposta bem diferente ainda que impressionista, Williams, Respighi e Dukas com um estilo mais próximo ao final da Era Romântica, sua obra mais popular é O Aprendiz de Feiticeiro, imortalizada no desenho de Walt Disney.
            O século XX foi um século de rupturas e transformações, então convém destacar que o impressionismo foi fundamental para o inicio da construção da nova música, pois traduziu os anseios que a sociedade vivenciava na virada do século XIX para o XX, frente ao descompasso das relações humanas, crescimento tecnólogico e novas descobertas.



O Nacionalismo
            Na segunda metade do séc XIX, iniciou-se um novo movimento no panorama musical europeu, que consistia na incorporação de gerações musicais pertencentes a países que estava à margem da evolução musical, tratava-se de países como a Espanha, que tinham vivido sobre a influência da música italiana e alemã, e a Rússia sobre a influência da música francesa.
            Começaram a se construir as idéias nacionalistas, que levaram o propósito de livrar-se da dominação musical de outros países, e até então importavam a cultura musical das regiões da Europa que eram as mais desenvolvidas musicalmente. As razões básicas deste movimento musical com caráter nacionalista está em afastar a influência estrangeira, pensar à sua própria maneira  e em sua própria língua, e desta forma buscar uma valorização do elemento folclórico nas composições surgidas na época, com objetivo de desenvolver um estilo musical com identidade étnica, e de acordo com a cultura do seu país.
            Cronologicamente podemos destacar os países que tiveram o enriquecimento da música nacional, quais sejam:
Rússia: Glinka abriu o caminho, e embora mantivesse elementos da ópera italiana em sua composição, suas melodias já possuíam características russa e pessoal. Na sequência, Dargomijski, recorre a modelos da música popular, e o grupo conhecido como Os Cinco: Borodin, Cui, Balakirev, Mussorgsky e Korsarkov.
Tchecoslováquia: O nacionalismo de Smetana e Dvorák, evidência-se na escolha de temas nacionais.
Noruega: Grieg, com seu nacionalismo evidente na composição para vozes masculinas.
Dinamarca: Nielsen foi o primeiro compositor dinamarquês com reconhecimento internacional
Inglaterra: Embora o nacionalismo chegasse tarde, Elgar foi o primeiro a evidenciar o folclore inglês em suas composições. Destaque para Williams, que exerceu influência sobre a nova geração de compositores ingleses.
Hungria: Representado por Kodály e Bartók, impulsionaram a valorização da cultura e seus modelos de ensino foram incorporados em outros países, como os EUA.
Alemanha e França: Não houveram manifestações de interesse pela canção folclórica.
Brasil: A música nacionalista encontra em Heitor Villa-lobos seu maior expoente, sendo o mentor e gestor de uma proposta de ensino massivo nas escolas, com uma vasta contribuição no âmbito musical através do canto Orfeônico.
            A importância do nacionalismo, certificasse no afastamento da influência estrangeira e no enriquecimento da música nacional com idioma e identidades próprios. O nacionalismo inseriu nas formas musicais adquiridas ao longo da história novas maneiras de pensar a música, portanto ele não propôs rupturas na forma e estilo de composição.



O Expressionismo

            O termo expressionismo, está profundamente relacionado ao estilo da pintura que floresceu em Viena, no séc. XX, onde os pintores, segundo Benned "jogavam sobre suas telas suas experiências e estados de espirítos mais intimos: o mundo tenebroso de seus terrores mais secretos e as fantásticas visões do subconsiente - muitas vezes sugerindo a degradação mental". Através das intensas, complexas e estruturadas músicas, pela retratação de um mundo irreal o compositor conseguia expor seus medos, angústias e assim a música expressionista caracterizou-se pela profunda viagem ao interior do compositor, com a diferença de que na pintura, procurava-se representar os objetos ao mundo exterior e a música uma experiência interior.
            O campo temático de expressionismo é o homem do mundo moderno, uma distorção do romantismo tardio, em que os compositores despejavam na música toda a carga de suas emoções, traduzindo assim, o descompasso das relações humanas, os terrores internos e o cinismo de vida do séc. XX. Regras convencionais de composição foram fragmentadas, favorecendo um som dissonante, complexo e usado com grande força.
            Dentre os que compositores que escreviam em estilo expressionista estavam Shoenberg, que era pintor, e seus alunos Berg e Webern, e trabalhando juntos na capital austríaca, tornaram-se conhecidos como a Segunda Escola de Viena. As obras de Shoenberg ainda que ligadas a tradição pós-romântica, evidenciavam um método inovador que evoluiu para a atonalidade e posteriormente para um estilo próprio, o que gerou muitas críticas e ao mesmo tempo despertou grande interesse em toda a Europa, com grande êxito para Pierrot Lunaire.
            Berg, adotou a maior parte dos métodos de construção musical de seu professor, utilizando-as com grande liberdade e com grande expressão, fazendo com que sua obra fosse a mais facilmente compreendida do que a maioria dos compositores na sua época, destacando Três Peças para a Orquestra.
            Webern, utilizou várias técnicas de composição como a inversão e mudança de ritmos, evitando repetições, sendo um dos aspectos mais fortes a instrumentação, todos os instrumentos são tratados como solistas, estando estas características muito evidêntes na sua obra Cinco Peças para Orquestra Op. 10.
            O objetivo das obras do período expressionista, é comunicar o complexo de idéias e emoções valendo-se de todos os meios que se possa imaginar, além da própria música, e não o de serem belas ou realistas. Ela se mostra uma mistura complexa de muitas e diferentes tendências.

Musica Medieval Profana

            O termo profano significa "aquilo que está diante ou fora de um templo religioso", então a palavra profano quer dizer assuntos que não são religiosos, aquilo que não é sagrado, entretanto a música profana não se opõe ou não exclui a possibilidade de temas religiosos. Apenas delimita um espaço social e cultural os caracteres sacros não ocupam uma posição de hegemonia. No que se refere à música, o termo profano quer dizer música não litúrgica ou sacra, e sim canções populares, danças apreciadas como lazer com temas variáveis entre o amor, politica, lamento e amizade, incluindo acontecimentos do dia-a-dia.
            Eram na maioria monofônicas e modais e possuiam variadas formas de expressão, com canções e danças de diversos nomes como: lai, virelai, balada caccia, entre outros e essas formas estão na origem das intrumentais e vocais modernas. Os instrumentos musicais utilizados durante a música medieval, eram variados e complexos, sendo alguns deles: de corda, sopro e percurssão, e são considerados como principais o Galubé ou Tamboril, corneto, Charamela, Orgão, Carrilhão, Cítola, Harpa , Viela, Viela de Roda, Rabeca, Salterio , Cornamusa, Flautas Reta e Transversal e  Instrumentos de Percussão.
            Muitos compositores na Idade Média passaram como anônimos na linha do tempo, uma vez que na época a autoria musical não era definida individualmente, apesar do costume de compor fosse bem difundido entre músicos profissionais, trovadores, menestréis entre outros.  Os principais compositores foram Marcabru, Arnaut Daniel, Jofre Rudel, Bernard de Ventadour e Adam de La Halle.
            A música influência épocas posteriores, a exemplo do que ocorre com a história, e por este princípio a música medieval lançou fundamentos a partir do Renascimento, sendo as formas, concepções técnicas, ritmos, timbres e melodias antecipados na Idade Média e a partir da Renascença desenvolvidos nas diferentes formas e estilos musicais que hoje caracterizam a música popular ou erudita na cultura ocidental. Inovações foram trazidas, pois a partir daí surgiram novos estilos, diferentes melodias e acordes, além da variação rítmica de diversos intrumentos, foi o inicio de verdadeiras composições polifônicas.

O Romantismo

            O Romantismo foi um movimento que se desenvolveu na Europa no século XVIII até o final do século XIX, que marcou as artes e a literatura, conhecido como o século das grandes invenções e profundas transformações. Esse movimento teve inicio na Alemanha, na Inglaterra e na Itália, porém foi na França que ele se fortaleceu, estendendo-se mais tarde por toda a Europa e pelas Américas.
            Constituía oposição ao racionalismo e ao rigor do neoclassicismo. Caracteriza-se pelo sonho, valorizava a liberdade de expressão, as emoções, o sofrimento amoroso, a religiosidade, a natureza, os temas nacionais e o passado. Assim, a música e a arte de um modo geral se desconectavam da arte do passado, aproximando-se das novas classes em ascenção, conquistando um público ansioso por uma novidades de ordem estética.
            As primeiras evidências do romântismo na música aparecem com o desenvolvimento da orquestra pelo seu crescimento e por sua abrangência, com isso a seção dos metais da orquestra foi ampliada, com a inserção da tuba e instrumentos de madeira e esta introdução de novos instrumentos iniciou-se com Carl Maria Von Weber e Fraz Schubert, utilizado com força total por Hector Berlioz e Richard Wagner.
            Durante o romantismo houve um rico florescimento da canção, principalmente do lied (canção em alemão) para canto e piano. Os lieder do século XIX se inclinavam a valorizar o instrumento, e desta forma o piano passou a desempenhar um papel tão importante quanto o da voz. Schubert foi um dos grandes compositores de Lieder, sendo sucedido por Schumann e seu principal discípulo Brahms.
            No século XIX o piano é aperfeiçoado tornando sua sonoridade mais rica e complexa, com músicos significativos compondo no piano, como Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms. As sonatas são as peças mais comuns compostas para pianos, detinham preferência dos compositores e um grande desenvolvimento da figura do Virtuose, instrumentalista que possui grande habilidade técnica, com destaque para Paganini, Mendelssohn e Liszt, porém o compositor que fez maior uso do piano foi Chopin.
            O fato de o romantismo ter estreita relação com a pintura e a literatura, contribuiu significativamente para o desenvolvimento da música pragmática, onde ela se divide em: sinfonia descritiva, abertura de concerto e poema sinfônico. A partir daí, inserido neste contexto do Romantismo, tornou-se prática o compositor reunir peças da música para fazer delas suítes, executadas como obra de concerto, e como exemplos pode-se citar: O Lago dos Cisnes e o Quebra Nozes de Tchaikovski, e Sonho de uma Noite de Verão, de Mendelssohn, salientando ainda que durante o romantismo, o concerto fez uso de grandes orquestras.
            A ópera teve grande desenvolvimento também no século XIX, sendo Weber considerado o fundador da ópera romântica, seguido por Marschner e sendo Wagner reconhecido como o grande nome com óperas como O Navio Fantasma, Lohengrin, Tristão e Isolda, Os Mestres Cantores de Nuremberg, O Anel dos Nibelungos, O Ouro de Reno, A Valquíria, Siegfried e Crepúsculo dos Deuses.
            Verdi, aparece na outra extremidade da escala da ópera, e ao contrário de Wagner, não era um reformador. Teve três fases diferenciadas em sua carreira: a primeira fase considerada da aprendizagem, na segunda compõe Rigolleto, O Trovador e La Traviatta, e a terceira fase que compôs Simon Boccanegra, Um Baile de Máscaras e A Força do Destino, com destaque para Aída, sua obra-prima. Seus sucessores na Itália foram Leoncavallo, Mascagni e Puccini e na França destaque para Berlioz.
            Pelo fato da música estar dominada pelos alemães, os compositores de países como Rússia, Boêmia e Noruega investiram num estilo próprio dando origem ao nacionalismo. O compositor nascionalista expressava a música na sua nacionalidade através de rimas do folclore de seu país.
            No estilo romântico ainda cabe destaque a música coral, posta na forma de oratório e réquiem, sendo compositores Mendelssohn, Berlioz e Elgar, e na transição do século românticos como Mahler e Strauss, trouxeram tradição românitca para suas composições.


REFERÊNCIAS:

PEREIRA, M. A. M.; PEREIRA, M. P. S. Licenciatura em História - Tópicos temáticos em história, cotidiano, mentalidades, representações e vida material: Introdução à História da Música. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2010

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